terça-feira, 1 de novembro de 2011

O amor bate na porta, o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico, o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes e desejos já maduros.
Entre uvas meio verdes, meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega, o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.
Amor é bicho instruído.

Carlos Drummond de Andrade

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