Acontecem coisas estranhas quando estou num espaço
muito amplo. Uma vontade de voar, parece que bastaria abrir os braços
para fundir-me com o céu. Ao mesmo tempo, dá vontade também de ficar na
terra, e viver, viver muito, com todas as miudezas do cotidiano.
Impressão de ser maior que tudo, sensação de força, certeza de vitória,
vitória tão certa e fácil como a coisas da natureza que se mostram ali. E
também uma grande humildade, consciência de ser ínfimo em relação ao
azul-azul do céu, ao azul-em-cor do rio. Procuro palavra para definir o
que sinto e não encontro. Talvez elas nem sequer existam, talvez seja
apenas um fluxo mais forte de vida abrindo os sentidos, embrutecendo o
raciocínio.
Caio Fernando Abreu
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