domingo, 20 de maio de 2012

Mãe acredita na nossa mentira mesmo sabendo que não é verdade. Mãe é a única pessoa que nos telefona antes das 8h. Aliás, mãe telefona quando não precisa, telefona para não falar nada. Mãe sempre alcança o que deseja dizendo que é bom para gente. Mãe aprende com os filhos, mas acerta mesmo com os netos. Mãe conserva eternamente o cheiro de hipoglós entre os dedos. Mãe consulta a opinião do pai para fazer tudo diferente. Mãe é competitiva na alegria e na tristeza. Não aceita que alguém seja melhor do que ela. Nem que alguém seja pior do que ela. Mãe não pede desculpa, pede licença para chorar. Vai chorar sempre que você gritar com ela. Vai chorar sempre que você não responder para ela. Vai chorar de qualquer jeito. Mãe é nosso Pen Drive: não consegue colocar fora nem o rascunho do nosso desenho da 2ª série. Mãe espalha notícia sobre a nossa vida antes da confirmação e depois alega que não entende como todo mundo já descobriu. Mãe questiona o que queremos para apoiar no final. Condena primeiro para perdoar em seguida. Mãe tenta evitar ciúme criando segredos entre os irmãos. Mãe constrange com abraços e beijos e apelidos fofos e sonha andar de mãos dadas na rua com o filho na frente de todos. Mãe reclama do filho para o filho e elogia o filho para os outros. Quando alguém parabeniza sua criança, a mãe agradece como se fosse para ela. Mãe não desmancha o quarto do filho adulto esperando que ele volte para casa.
Mãe nunca tem razão, ela é nossa razão para viver.

Fabrício Carpinejar

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