Por mais que eu aplauda o que convencionamos chamar
de “maturidade”, no fundo acredito que somos, todos nós, crianças que
cresceram mais em estatura do que emocionalmente, crianças que foram
empurradas para o meio do palco e que precisam ter suas falas na ponta
da língua, conforme foram ensaiadas desde a primeira infância. Somos
homens e mulheres na segunda, terceira, quarta, quinta infância, nos
apegando aos nossos parcos conhecimentos e às nossas inúteis
experiências para tentar não errar demais. Somos crianças que choram
escondidas no banheiro, que tomam atitudes insensatas, que dizem o que
não deveriam ter dito e que, nos momentos de desespero, gostariam de
chamar um ‘adulto’ para resolver a encrenca em nosso lugar.
Martha Medeiros
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